BÚZIOS
"O JOGO DE BÚZIOS TEM POR FINALIDADE IDENTIFICAR
NOSSO ORIXÁ ( ORÍ=CABEÇA (FÍSICA E ASTRAL)
+ IXÁ = GUARDIÃO; OU SEJA "ANJO DE GUARDA") -
PROBLEMAS DE PLANO ASTRA/ESPIRITUAL - MATERIAL E SUAS SOLUÇÕES."
O jogo de búzios é uma leitura divinatória e esotérica
por excelência, utilizado como consulta, quer seja; para identificar
nosso orixá (ori= cabeça + ixá=guardião),
que é a mesma figura do anjo de guarda; a situação
material, astral e espiritual, principalmente com relação
a problemas e dificuldades.
Portanto de uma forma definitiva - ninguém "fala"
ao nosso ouvido, nem Exú e tampouco Oxum, os quais tem forte influência
sobre o jogo, mas não desta forma, se assim fosse, não seria
necessário jogá-los.
A leitura esotérica divinatória está
diretamente ligada à Òrúnmìlà, cujos
babalorixás, são seus porta-vozes, outras lendas africanas,
mostram a ligação do jogo de búzios com Exú,
Oxum e Oxalá. No capítulo destinado aos Orixás, consta
essa estreita relação entre Exú e Ifá.
O jogo de búzios é exclusivo dos candomblecistas
praticantes e reconhecidamente iniciados, fora isso É FARSA, É
MENTIRA, É ENGÔDO.
Os búzios são jogados em número de
dezesseis, que correspondem aos dezesseis odús principais, quer
sejam: okaran (exú), megioko (ogum), etaogunda (obaluayiê),
iorosun (yemanjá), oxê (oxum), obara (oxossi e logunedé,
na África é um odú de xangô), odí (omolu
e oxalá), egionile (oxaguian), ossá (oyá e yemanjá),
ofum (oxalufan), owarim (oyá), egilexebora (xangô), egioligibam
(nanã), iká (ossain e oxumare), obeogundá (ewá
e obá) e alafia (orixalá). Duas formas são as mais
utilizadas, sobre a urupema (peneira), ou sobre erindilogun (fio de contas),
que em alguns casos, nele constam os dezesseis orixás cultuados
atualmente no Brasil; igualmente constam desta parafernália: uma
otá, uma vela branca, um adjá (espécie de sineta)
usado para saudar os orixás, abrir o jogo e convocar o eledá
do consulente para que permita uma boa leitura; água; indispensável
os fios de Oxalá e Oxum; um côco de ifá; moedas; favas;
obi; orobô; um imã; uma fava (semente) especial que represente
no jogo o eledá consultado, aforante a isso um preparo do babalorixá,
e os orôs (rezas) necessários.
O jogo de Ifá, que é anterior ao jogo de
búzios, adota uma relação semelhante de odús
com algumas variações: èji-ogbé; oyèkú-meji;
iwóri; òdi; ìrosun; owónrin; obàrá;
okànràn; ogundá, òsá; iká; otúrúpón;
otúá ou elije oxebora; irètè; òxè;
òfún e o décimo sétimo odú, chamadado
òxetùá, odu de àxetuwá (poder trouxe
ele à nós) - filho de oxum - também chamado akin
oxó (poderoso mago) - filho de enìwàre (aquela que
foi colocada na senda do bem).
Para uma boa leitura de búzios, três situações
são fundamentais:
1) Conhecimento e aprendizado.
2) Autorização, através de ritual próprio,
o qual é ministrado por sacerdote responsável, tendo o iniciado
passado por completo, com seriedade e merecimento, seu período
de iniciação, que são no mínimo 7 anos.
3) Seriedade do consultor e do consulente.
Esses são pré-requisitos básicos para
uma leitura honesta e imparcial.
Muito importante, quem "responde" no jogo de
búzios é o orixá do consulente, ele é quem
determina a formação dos búzios para serem analisados,
é uma espécie de permissão, do orixá, para
que a situação do seu filho seja exposta.
A forma de jogo mais usual, é a da leitura por odú,
feita pela quantidade de búzios "abertos" ou "fechados",
em que o babalorixá, deverá efetuar várias jogadas
para uma leitura mais completa, em alguns jogos, cada queda corresponde
a um único odú-orixá; o que particularmente pratico
é por odú múltiplo e por "sinca", sendo
odú múltiplo, porque em uma mesma queda respondem vários
orixás, o que determina o início e desenrolar do jogo é
a "sinca", e neste tipo de jogo, tudo é lido em uma única
jogada, desde a "cuia" dos orixás, a todos problemas
existentes. Este tipo de jogo, só vi, e foi onde aprendi a base,
com o já falecido Muzzillo do Ogum Omini que morava no Bairro Alto
em Curitiba, o qual me disse de quem aprendeu, mas já não
mais me recordo.
O porque e para que se consultam os búzios; pelo
mesmo princípio que se vai ao médico, só vai quem
está doente ou para uma avaliação de rotina, da mesma
forma, que só toma remédio quem está doente, só
se deve fazer algo, se houver alguma necessidade.
O futuro - é grande questão dos consulentes,
no jogo de búzios, pode-se fazer "perguntas", cujas respostas
não são detalhadas, mas de uma maneira geral é sim
ou não, provável e se não fosse assim não
haveria babalorixá pobre neste mundo, o futuro a Deus pertence,
esta é uma frase sábia que alguém com muita propriedade
disse um dia. O futuro depende muito dos nossos atos presentes, o exercício
do nosso livre arbítrio é constante, nada está definitivamente
marcado ou decidido, a partir do instante que exercemos nossa vontade,
podemos modificar a todo instante nosso futuro; exemplos simples: se alguém
fica doente e acha que é o destino, vai morrer, mas, se procurar
um médico, vai se curar; o futuro foi alterado; assim alguém
que perca seu emprego, se ficar em casa, vai passar fome, se sair e procurar
um emprego, terá grande chance de conseguir e novamente alterar
seu futuro; e assim com tudo na vida; uma grande questão é
que muitas pessoas acham que seu orixá, anjo da guarda ou Deus,
tem saber de tudo, das suas necessidades, dos seus problemas e simplesmente
resolvê-los, antes assim fosse, porém, mais uma vez é
necessário que o nosso livre arbítrio e o nosso querer,
tem que ser constante em nosso dia a dia, não podemos esperar que
as pessoas "adivinhem" ou saibam o que estamos querendo ou precisando,
se não falarmos, se não nos comunicarmos, é evidente
que se tem uma forma de fazê-lo, sempre podemos dizer o que pensamos
e precisamos, mas de uma forma correta, não agressiva, coerente.
Sempre temos duas chances em cada situação que nos apresenta,
o de sim e de não, se tentarmos, porém se não tentarmos,
só resta o não. O jogo de búzios, costumo dizer que
é uma ciência exata, sabe-se ou não, não cabe
meio termo, quem sabe, talvez, ou a leitura é a expressão
de uma realidade presente ou não, a forma de checar se um jogo
está correto, começa pela identificação do
orixá, a cada orixá corresponde um estereotipo de caráter
e personalidade ao seu "filho", que ao lhe relatar não
pode errar ou fugir das suas principais características, que o
babalorixá checa com o consulente, se tudo corresponde, as demais
situações do jogo também estarão corretas.
Porém se observe, que um leitor de jogo de búzios necessariamente
tem que conhecer sobre as características que os orixás
imprimem aos seus "filhos" características estas, que
em alguns casos para o mesmo orixá, tem variantes, pela sua qualidade
apresentada, ou ainda, difere determinadas características, se
o "filho" for do sexo masculino ou feminino, há que se
reconhecer uma situação um pouco complexa, e não
poderia ser de outra forma, com todas essas variantes é um jogo
prostituído, isto é, usado de forma inescrupulosa, leviana,
por pessoas totalmente estranhas ao processo, pelos ignorantes que se
julgam conhecê-lo. Com relação ainda à esta
situação, é muito comum alguns iniciados ou até
mesmo sacerdotes, que não se preocuparam muito com o aperfeiçoamento,
estudo mais detalhado, prática exaustiva, incorrem num erro, de
conhecer uma pessoa de determinado orixá, e classificar suas características
como definitivas para aquele orixá, e sempre que ver alguém
com aquelas características, achar que aquela pessoa, também
será daquele orixá, generalizando para sempre todos estes
casos e situações; o erro: esta pessoa que conheceram, pode
estar com o orixá errado, pois quem lhe atribuiu este orixá,
não era competente, este é um fato muitíssimo comum.
É uma forma de leitura divinatória, que não
massifica, isto é, uma situação vale para muitos,
como no caso do horóscopo, mas usada de forma individual, como
exemplo, o caso de gêmeos, dois ou mais, nascem no mesmo dia, e
no entanto, caráter e personalidade em muitos casos, totalmente
diversos.
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